dezembro 03, 2005

novembro 25, 2005

MeNTirA

Mentira…que palavra tão gira! Segundo o dicionário de Língua Portuguesa, significa “afirmação contrária à verdade, com a intenção de enganar”. Acho que a definição é bem clara, “AFIRMAÇÃO CONTRÁRIA À VERDADE, COM A INTENÇÃO DE ENGANAR”…Será que ainda alguém não sabe o que é uma mentira? Ou melhor não sabe que está a mentir quando, de facto, o está a fazer? Claro que não…todas as pessoas sabem quando mentem e sabem o motivo por que mentem. Para mim a mentira é sempre condenável, mas dependendo do motivo pode ser mais ou menos, agora quando é dita no sentido de deliberadamente enganar os outros, prejudicá-los e fazê-los de parvos, com a toda a certeza é o cenário mais condenável que existe!

As pessoas mentem, e têm a ousadia de mentir descaradamente, quando está na cara que o estão a fazer, mas para não desmancharem a pose tornam-se arrogantes, na busca de uma perfeição que só existe na cabeça delas. Porque sim, elas mentem…porque se acham mais espertas do que os outros e que podem fazer “gato e sapato” de quem quiserem, por se julgarem superiores. Superioridade essa, diga-se de passagem, que em nada invejo, porque não passam de simples pretensiosas! E têm a petulância de fazer tudo debaixo das nossas barbas, podem fazer uma vez, claro que podem… mas na próxima são “apanhadas”! O mais engraçado é quando mantém o teatrinho de que são a personagem principal e única (coitadas!), porque ninguém está para entrar nesses jogos sujos…De facto, a arrogância e o teatro, são as armas principais das pessoas sem princípios e que sabem que têm toda a culpa no cartório.

Dessas pessoas, só queremos distância...apenas!

novembro 20, 2005

PaLaVrAs QuE bEiJaM


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca
Palavras de Amor, de Esperança
De imenso Amor, de Esperança Louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.


De repente coloridas
Entre palavras sem cor
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o Amor.



[Alexandre O'Neil]

cArTa

Não falei contigo com medo
que os montes e vales que me achas
caíssem a teus pés.
Acredito e entendo
que a estabilidade lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo que és.
Saudade é o ar
que vou sugando e aceitando
como fruto de Verão nos jardins do teu beijo.
Mas sinto que sabes que sentes também
que num dia maior serás trapézio sem rede
a pairar sobre o mundo em tudo o que vejo.


É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro,
que a minha bola de cristal é folha de papel
nela te pinto nua, nua
numa chama minha e tua


Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino foi inventado
por gira-discos estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
de sincronização do coração
são leis como paredes e tectos
cujos vidros vais pisando...
Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números
raízes quadradas de somas subtraídas
sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
um ciclo vicioso
harmonioso ao teu gesto mimado
e à palma da tua mão...


É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
que a minha bola de cristal é folha de papel
nela te pinto nua, nua
numa chama minha e tua
numa chama minha e tua.


Desculpa se te fiz fogo e noite
sem pedir autorização por escrito
ao sindicato dos Deuses,
mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
como refúgio dos meus sentidos
pedaço de silêncios perdidos
que voltei a encontrar em ti.


É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago feiticeiro
(...)
nela te pinto nua, nua
numa chama minha e tua
numa chama minha e tua.


Ainda magoas alguém.
O tiro passou-me ao lado.
Ainda magoas alguém..


Se não te deste a ninguém magoaste alguém.
A mim, passou-me ao lado
A mim, passou-me ao lado...


A Carta, Toranja

EsPeLhOs Da aLmA




novembro 05, 2005

Cabo da Roca

Aqui...
onde a Terra se acaba
e o Mar começa...
(Camões)


A ponta mais ocidental do continente Europeu

outubro 31, 2005

HaLLoWeeN - why?

"Halloween" deriva de Hallowe'en, uma contração arcaica, mantida ainda na Escócia, de "All Hallow's Eve," isto significa véspera do Dia de Todos os Santos católico, que costumava ser chamado "All Hallows," derivado de All Hallowed Souls (Todas as Almas Santificadas).


O
Dia das Bruxas (Halloween, nos países anglo-saxónicos) nasceu de umalenda dos druídas, sacerdotes dos celtas, povo que habitava a Inglaterra por volta do ano 200 a.C. Na noite de 31 de Outubro, segundo eles, todas as bruxas, demónios e espíritos mortos se reúnem para uma grande festa.

outubro 30, 2005

PôR dO SoL...

Algures no meio do Atlântico...


Autor: Bucho (Agosto, 2005)

outubro 29, 2005

As ruas da minha cidade...



Évora...cidade linda

Évora...cidade do Alentejo


Andar por Évora é fazer uma descoberta nova a cada esquina, é respirar a história do nosso país, é ver o encanto que cada pequeno detalhe encerra, é sentir o mistério arrebatante que paira no ar...enfim, só estando em Évora se pode entender a beleza de Évora!

outubro 28, 2005

aMo-Te

Deixa eu dizer que te amo...
Deixa eu gostar de você...
Isso me me acalma, me acolhe a alma,
Isso me ajuda a viver...

outubro 27, 2005

Molha = Doente

Eu sei que a chuva é precisa, eu sei que vivemos um período de seca extrema recente e que a pouco e pouco vamos recuperando com a chuva que tem caído nas últimas semanas, e que ainda assim não é suficiente. Sei também que a água é um bem essencial, de que todos precisamos e que, muitos de nós, gastam sem se preocupar em "poupar hoje, para ter mais amanhã". E sei ainda que este é, actualmente, um bem escasso, aliás muito escasso...

Mas tenho o direito de não gostar de apanhar uma valente molha...Porque é que a chuva insiste em cair quando eu preciso de me deslocar?! Acham que gosto de andar horas com os pés todos encharcados...isto é, o mesmo que dizer, acham que gosto de saber que vou ficar doente novamente e nada posso fazer?!

outubro 24, 2005

"PSEUDO-espertos"

A "pseudo-esperteza" de certas e determinadas pessoas espanta-me...


Será que não vêem que as outras pessoas (bem entendido, nós!) têm algum grau de inteligência, mesmo que não muito elevado, para entender e ver a sua "pseudo-esperteza"?!


Tentam passar uma rasteira , mas não têm a "pseudo-esperteza" suficiente parA ver que os outros têm olhos na cara e vêem o movimento que os levaria a cair e simplesmente, desviam-se, para não serem pisados por um "pseudo-esperto" qualquer.


A vossa "pseudo-esperteza" não chega para nos pisar!Ou pelo menos não nos rendemos perante ela, porque nunca sabemos até onde podem ir os limites da "pseudo-esperteza" aliada à ausência de valores morais....

outubro 16, 2005

cAmiNhA, nÃo cOrRaS...


Nunca ouviste dizer: “devagar se vai ao longe”, ou “não ponhas o carro à frente dos bois”, ou “depressa e bem, não há quem” ou “não dês um passo maior que a perna”…?

Quem tem razão é o caracol… :)

outubro 14, 2005

ACORDEM P'RA VIDA

Parece que certas e determinadas pessoas vivem perfeitamente em harmonia com a imundice, mas ninguém diria, porque aparentemente são pessoas que se vestem, que andam sempre cheirosas e lavadinhas...mas depois vamos a ver e das duas, uma: ou não se importam de partilhar o seu espaço com a sujidade ou adoram ter criados. Mas na impossibilidade de concretizar esta última, temos que nos contentar com a primeira hipótese. O mais interessante é que estas pessoas adoram fazer dos outros criados, ou seja, arranjam uma forma de combinar ambas as hipóteses em seu próprio benefício: portanto, podem sujar à vontade, porque depois vem alguém limpar, quem é não interessa! E esta é a lei que vigora na mente destas pessoas. Mas será que as pessoas, em geral, não hesitam em fazer os outros de parvos e lucrar com isso, seja qual for a situação?! Até numa actividade tão simples, como limpar o que sujam… No entanto, o mais engraçado é fazer uma comparação entre discurso e comportamento, e então verificamos a discrepância que existe entre eles numa coisa tão “sem importância” quanto esta, agora imaginemos se tivéssemos a falar de coisas bem mais sérias, em que o lucro fosse bem mais elevado?!...
Para estas pessoas só tenho uma mensagem: não se façam de “adormecidas”, se um vê, os outros também vêem, porque não são cegos!

outubro 11, 2005

Avaliação do ENSINO SUPERIOR

Os melhores cursos de Psicologia de acordo com o relatório de avaliação externa são os das universidades do Minho (com cinco excelentes e seis muito bons e o de Coimbra (com quatro excelentes e sete muito bons). O curso de Psicologia do ISCTE surge em 3º lugar na lista das instituições com mais excelente (3) e sete muito bons (B). A licenciatura da Universidade do Porto com três excelentes e seis muito bons segue-se na lista. O curso ministrado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa surge em quinto lugar com dois excelentes e nove muito bons.
O único curso que apresenta duas notas insuficientes é o da Universidade de Évora com dois insuficientes (2 E), mas que apesar disso conta com dois excelentes e sete muito bons.
In, Diário Económico (11 de Outubro de 2005), por Helder Silva

outubro 06, 2005

uNo

Basta deixarmos falar os mais puros sentimentos...

(amor,

tolerância,

paixão,

compreensão,

cumplicidade)

... e seremos um só!

outubro 02, 2005

iNdIgNaÇãO

Digam-me de uma vez por todas para que é que servem os horários?! Será apenas para os alunos saberem que têm que ir à universidade todos os dias da hora X à hora Y?

De facto, temos um horário, por sinal mal organizado, mas ainda assim um horário! E nas aulas de apresentação recebemos dos professores o programa da cadeira e até se dão ao trabalho de fazer uma planificação das aulas com os sumários e a bibliografia correspondente. Mas certos e determinados professores insistem em ter “coisas” marcadas para a hora das aulas e nós, alunos, estamos sempre em último plano (e já não digo em segundo!), por isso acabamos por ficar sem a nossa aula. É claro que depois querem marcar aulas suplementares, para conseguirem cumprir o programa.
Até aqui tudo bem…visto que é do nosso inteiro interesse, enquanto meros alunos, aprender o que sábios doutores têm para nos ensinar.
O problema está que estas “almas” que pensam que só por serem professores universitários podem usar e abusar dos alunos, decidem marcar a aula de reposição para o dia x à hora y, exclusivamente de acordo com a sua agenda pessoal, porque os alunos nem sequer têm uma! E limitam-se a informar-nos que a aula decorrerá no seguinte horário num determinado auditório e nós, alunos, mudamos todos os nossos planos, ficamos com o dia estragado porque a aula foi marcada a meio da tarde, mas mesmo assim, ávidos de conhecimento, lá estamos nós à hora marcada para ter a “dita” aula suplementar. Mas o cúmulo acontece, quando após 10 minutos de espera surge alguém a informar-nos que a “dita” professora não poderia comparecer na “dita” aula suplementar, porque estava atrasada…e então, esta iria agendar connosco uma outra data!


E agora eu pergunto: Mas nós, só porque somos meros alunos, temos que aceitar situações destas sem protestar? Afinal também temos vida para além da universidade e das aulas desta “dita” cadeira… No mínimo, merecíamos um enorme pedido de desculpas, não?!

setembro 25, 2005

oS gRaNdEs AmIgOs QuE já NãO o SãO

Olho para a minha lista de contactos no telemóvel e vão aparecendo os nomes, um a um e associo a cada um deles um breve pensamento… “O que será feito da Maria? Será que se está a dar bem no curso?”, “Olh’ó Manel, há tanto tempo que não falo com ele, nem sei se ainda está a trabalhar na pastelaria!”, “Ana…desde o Natal que não tenho notícias dela!”, “Chiiiii…nunca mais combinei sair com a Joana e o namorado!”, “O Miguel também nunca mais disse nada”…e por aí fora! Chego ao MSN e percorro igualmente a minha infindável lista de contactos e dou-me conta de que alguns deles a partir de um determinado momento estão lá apenas a fazer papel de figurantes. Não seria mais rentável, fazer esse papel por exemplo numa novela? Ao menos sempre eram remunerados, e acabam por ter experiências diferentes, conhecer gente nova e perder (ou neste caso, ganhar) o mesmo tempo.
Mas não, as pessoas insistem em fazerem-se passar por amigos, tipo….amigos de ocasião: natal, aniversário, festa x, saída y, ocasião k… E o cúmulo ainda é maior se lermos as palavras que essas pessoas amavelmente nos dirigem nas “ditas” ocasiões especiais: “esta grande amizade….” Mas que grande amizade? Onde é que ela está que eu sinceramente não a vejo?! Estarei cega?! Ou então “Tenho a certeza que nunca nos vamos separar”, mas não estaremos nós já separados pela nossa apatia?!


Será que estas pessoas acreditam que uma amizade vive (ou sobrevive) apenas com contactos esporádicos, palavras profundas, mas de tal modo banalizadas e sem correspondência comportamental, que acabam por se tornar demasiado ocas para as conseguirmos ouvir?!....

Uma relação entre duas pessoas, seja ela um casamento, um namoro ou uma “simples” amizade, para continuar viva e saudável exige tempo e dedicação. As pessoas devem olhar no mesmo sentido, ter um mínimo de vivência comum, ter interesse em ver o “outro lado”, saber ouvir o outro, querer que a relação x se mantenha, imune ao tempo, à distância, aos desencontros que a própria vida cria. Cada vez mais acredito que as pessoas pensam que uma vez estabelecida uma “verdadeira” amizade, ela nunca mais desaparece, somente pelo facto de “rotularmos” aquela pessoa como nossa amiga, mas quando nos damos conta já não a conhecemos: ela já deixou de gostar de ouvir a música x, de ir comer ao lugar y, já mudou o corte de cabelo e já progrediu tanto enquanto pessoa que deixámos de compreender as suas atitudes, como anteriormente o fazíamos.


Quero apenas com isto chamar a atenção para o facto de a amizade não ser imune ao desgaste que o tempo e a distância (muitas vezes mais espiritual do que geográfica) produzem, porque ela exige de nós a vontade e a luta constante para a preservar! É claro que as pessoas são livres de fazer as suas próprias opções, por isso se essa distância foi a sua escolha, ao menos tenham a humildade de a admitir e deixem cair essa máscara de amigos que não só ilude e magoa os outros, como também as engana a elas próprias.

Enfrentem o touro de frente…”

setembro 21, 2005

há SEMPRE...

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz NÃO
Excerto de Trova do Vento, Manuel Alegre

setembro 16, 2005

FaNtAsMa Da ÓpErA


“All I Ask of You Lyrics”

with all my love, only for you...you kown!

RAOUL
No more talk
of darkness,
Forget these
wide-eyed fears.
I'm here,
nothing can harm you -
my words will
warm and calm you.
Let me be
your freedom,
let daylight
dry -your tears.
I'm here,
with you, beside you,
to guard you
and to guide you . . .

CHRISTINE
Say you love me
every
waking moment,
turn my head
with talk of summertime . . .
Say you need me
with you,
now and always . . .
promise me that all
you say is true -
that's all I ask
of you . . .

RAOUL
Let me be
your shelter,let me
be your light.
You're safe:
No-one will find you
your fears are
far behind you . . .

CHRISTINEAll
I want
is freedom,
a world with
no more night . . .
and you
always beside me
to hold meand to hide me . . .

RAOUL
Then say you'll share with
me one
love, one lifetime . . .
Iet me lead you
from your solitude . . .
Say you need me
with you
here, beside you . . .
anywhere you go,
let me go too -
Christine,
that's all I ask
of you . . .

CHRISTINE
Say you'll share with
me one
love, one lifetime . . .
say the word
and I will follow you . . .

BOTH
Share each day with
me, each
night, each morning . . .

CHRISTINE
Say you love me . . .

RAOUL
You know I do . . .

BOTH
Love me -
that's all I ask
of you . . .
(They kiss)
Anywhere you go
let me go too . . .
Love me -
that's all I ask
of you . .
(CHRISTINE starts from her reverie)

CHRISTINEI
must go -
they'll wonder where I am . . .
wait for me, Raoul!

RAOUL
Christine, I love you!

CHRISTINE
Order your fine horses!
Be with them at the door!

RAOUL
And soon you'll be beside me!

CHRISTINE
You'll guard me, and you'll guide me . . .
(They hurry off. The PHANTOM emerges from
behind the statue)

setembro 15, 2005

PsiCoLoGiA - a mudança anunciada


Uma perspectiva da Psicologia actual e futura, por David Magnusson, um psicólogo sueco que desenvolveu grande parte da sua actividade na área da psicologia educativa.
«"O que aí vem, para o terceiro milénio, é uma nova ciência: a ciência do desenvolvimento, no interface entre a psicologia, a medicina, a sociologia e a antropologia"

"Há duas coisas importantes a acontecer. Uma é o desenvolvimento das ciências. Como representante sueco em inúmeras organizações internacionais de pesquisa (...) tenho testemunhado o que está a acontecer noutras ciências e sei quanto temos ainda que aprender e o pouquinho que na verdade sabemos em psicologia. Há muitas indicações nas outras ciências. Do que precisamos é de uma perspectiva holística,actualmente a corrente líder na investigação das ciências da vida. Em relação ao futuro espero que os psicólogos prestem mais atenção ao fenómeno real, antes de começarem a fazer cálculos, e que utilizem os métodos apropriados para estudar o fenómeno"

Para onde vai a psicologia?
"Precisamos de um modelo integrado, da mesma forma que os cientistas das ciências naturais têm um modelo integrado comum sobre a natureza. Os da física atómica têm uma linguagem comum com os astrónomos, por exemplo. O que defendo é que precisamos do mesmo modelo comum para o ser humano, que torne possível planear, desenvolver e interpretar temas específicos de investigação a todos os níveis e de acordo com um único modelo teórico integrado. Só assim poderemos ultrapassar a fragmentação na psicologia, que leva a que profissionais de uma corrente não se entendam com os de outra, porque não têm uma linguagem comum."
Há indícios nesse sentido?
"Sim. Estamos a caminho de uma visão holística. Mas os processos históricos são muito lentos e há sempre resistência à mudança. O que estou a fazer é apenas uma pequena parte de uma corrente muito mais vasta, que está em marcha. O que aí vem, para o terceiro milénio, é uma nova ciência: a ciência do desenvolvimento, no interface entre a psicologia, a medicina, a sociologia e a antropologia.Só com essa abordagem holística será possível perceber o que acontece no desenvolvimento da pessoa"»

In DN, Filomena Naves (1997)

setembro 14, 2005

OuViNdO o SiLêNcIo... ...

«Três homens um dia decidiram adoptar a prática ascética de guardar silêncio absoluto até à meia-noite, altura em que iriam contemplar a lua cheia. Passado algum tempo um dos homens, distraidamente, exclamou: "Ora, é muito difícil não abrir a boca!". Ao ouvi-lo falar, um dos outros disse: "Você está a falar e isso é proibido!". Então, o terceiro, indignado com os outros dois, saiu com esta: "Vejam lá, sou eu o único que não falou"»

Esta simples estória é o reflexo do mundo barulhento em que vivemos: os ruídos dos carros e dos aviões, o som dos rádios, televisões e telemóveis, a gritaria das pessoas, e a dependência completa das palavras. E pouco espaço resta para ouvirmos o silêncio que a modernidade tanto despreza, porque passou a ser compreendido apenas como a ausência do ruído. Mas o silêncio tem muito mais valor, é muitas vezes nele que nos encontramos a nós próprios, que nos concentramos, que alinhavamos pensamentos, tomamos decisões importantes, encontramos respostas e é também em silêncio que são feitas muitas juras de amor, porque o silêncio vale mais do que mil palavras que possam ser proferidas nesses momentos.

O silêncio é uma lufada de ar fresco, que nos faz encarar as coisas de maneira diferente, porque é nele que conseguimos encontrar a calma e a força para ultrapassar os momentos difíceis com que nos deparamos e é nele que a beleza do amor é vista com outros olhos. Nem que seja por breves instantes, oiçamos apenas o silêncio… … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … …

agosto 29, 2005

gRaNdE LiÇãO

- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada - disse-lhes o principezinho. - Não há ninguém preso a vocês e vocês não estão presas a ninguém. Vocês são como a minha raposa era. Era uma raposa perfeitamente igual a outras cem mil raposas. Mas eu tornei-a minha amiga e, agora, ela é única no mundo. (...) Vocês são bonitas, mas vazias - ainda lhes disse o principezinho. - Não se pode morrer por vocês, para um traseunte qualquer, a minha rosa é perfeitamente igual a vocês. Mas, sozinha, vale mais do que vocês todas juntas, por foi a ela que eu reguei. Porque foi a ela que eu pus debaixo de uma redoma. Porque foi a ela que eu abriguei com o biombo. Porque foi a ela que eu matei as lagartas (menos duas ou três, por causa das borboletas). Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, às vezes, calar-se. Porque ela é a minha rosa.

(...)

Vou-te contar o tal segredo. - Disse a raposa. - è muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos... (...) Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. (...) Os homens já se esquecram desta verdade. Mas tu não te deves esquecer dela. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo quie está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa.

In, O Principezinho, Antoine de Saint-Exypéry

UNiãO

agosto 26, 2005

ApENaS hOjE...


Existem dois dias com os quais não nos devemos preocupar. Devemos estar livres do medo e da apreensão que eles nos provocam e simplesmente viver!

Um desses dias é o ONTEM, que com os seus erros e pecados, com os seus obstáculos e cuidados, com as suas vitórias e quedas, com o seu sofrimento e dor, com os seus amores e desamores, passou para sempre, saiu do âmbito do nosso controlo. Todo o dinheiro deste mundo não trará de volta nem um segundo do dia de ontem, por isso não podemos retirar ou acrescentar uma palavra ao que dissemos ou tão pouco mudar alguma coisa no nosso comportamento. O Ontem já se foi…

O outro dia com que não devemos nos preocupar é o AMANHÃ, que com os seus adversários impossíveis, as suas responsabilidades, as suas promessas e esperanças, ainda não chegou. Amanhã será um novo dia, o sol nascerá em esplendor ou escondido atrás das nuvens, mas nascerá. E até lá, não nos fixemos nele, porque o amanhã é o desconhecido, a incógnita que apenas se revelará amanhã!

Deste modo, resta-nos apenas um dia, o HOJE. Temos uma batalha diária para travar e só quando aumentamos as responsabilidades do ontem e do amanhã é que caímos, porque a tristeza não vem da experiência de hoje, mas do remorso e da amargura por algo que aconteceu ontem e pelo receio do que o amanhã possa trazer. Por isso aprendamos a viver o HOJE, sem uma falsa saudade do ontem e um novo receio do amanhã.

agosto 21, 2005

SaUdAdE...


A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração.

Frase: Henrique Maximiliano Coelho Neto - Romancista e contista brasileiro

Foto: Man Ray, Tears

agosto 13, 2005

POrQuE

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Sophia de Mello Breyner

agosto 05, 2005

CírCuLO do AMOR

Certa manhã, um camponês bateu com força à porta de um convento. Quando o irmão porteiro abriu, ele estendeu-lhe um magnífico cacho de uvas.
- Caro irmão porteiro, estas são as mais belas produzidas pelo meu vinhedo. E venho aqui para as dar de presente.
- Obrigado! Vou levá-las imediatamente ao abade, que ficará feliz com esta oferta.
- Não, trouxe-as para si.
- Para mim? Eu não mereço tão belo presente da natureza.
- Sempre que bati à porta, você abriu. Quando precisei de ajuda porque a colheita foi destruída pela seca, você deu-me um pedaço de pão e um copo de vinho todos os dias. Eu quero que este cacho de uvas lhe traga um pouco do amor do sol, da beleza da chuva e do milagre de Deus.

O irmão porteiro colocou o cacho diante de si e passou a manhã inteira a admirá-lo: era realmente lindo. Por causa disso, resolveu entregar o presente ao abade, que sempre o tinha estimulado com palavras de sabedoria.
O abade ficou muito contente com as uvas, mas lembou-se de que havia no convento um irmão que estava doente, e pensou: «Vou dar-lhe o cacho. Quem sabe pode trazer alguma alegria à sua vida.»
Mas as uvas não ficaram muito tempo no quarto do irmão doente, porque este reflectiu: «O irmão cozinheiro tem cuidado de mim, alimentando-me com o que há de melhor. Tenho a certeza de que isto lhe trará muita felicidade».
Quando o irmão cozinheiro apareceu à hora de almoço, trazendo a sua refeição, ele entregou-lhe as uvas.
- São para si. Como está sempre em contacto com os produtos que a natureza nos oferece, saberá o que fazer com esta obra de Deus.
O irmão cozinheiro ficou deslumbrado com a beleza do cacho e fez com que o seu ajudante reparasse na perfeição das uvas; tão perfeitas que ninguém melhor para as apreciar do que o irmão sacristão, responsável pela guarda do Santíssimo Sacramento, e que muitos no mosteiro viam como um homem santo.
O irmão sacristão, por sua vez, deu as uvas ao noviço mais jovem, de modo a que este pudesse entender que a obra de Deus está nos mais pequenos pormenores da Criação. Quando o noviço o recebeu, o seu coração encheu-se de glória do Senhor, porque nunca tinha visto um cacho tão magnífico. Nessa altura lembrou-se da primeira vez que chegara ao mosteiro e da pessoa que lhe tinha aberto a porta; fora esse gesto que lhe permitira estar hoje naquela comunidade de pessoas que sabiam valorizar os milagres.
Assim, pouco antes do cair da noite, ele levou o cacho de uvas ao irmão porteiro.
- Coma e aproveite, porque você passa a maior parte do tempo aqui sozinho e esta uvas irão fazer-lhe muito bem.
O irmão porteiro percebeu que aquele presente lhe tinha sido realmente destinado, saboreou cada uma das uvas daquele cacho e adormeceu feliz. Desta maneira, o círculo foi fechjado; um círculo de felicidade e alegria, que se estende sempre em torno de quem está em contacto com a Energia do Amor.

In Zahir, Paulo Coelho

julho 25, 2005

4 eLeMEnToS

"É um pássaro, é uma rosa,
é mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar."


Eugénio de Andrade



julho 21, 2005

pÉS


"Pudesse eu ser o mar e os meus desejos
eram ir borrifar-lhe os pés com beijos"

(Cesário Verde)

julho 20, 2005

CoMpLeMeNTaRiEdADe


“Na noite dos tempos em que fomos separados, uma das partes ficou encarregada de manter o conhecimento: o homem. Ele passou a compreender a agricultura, a natureza e os movimentos dos astros no céu. O conhecimento sempre foi o poder que manteve o Universo no seu lugar e as estrelas girando nas suas órbitas. Esta foi a glória do homem: manter o conhecimento. E isto fez com que a raça inteira sobrevivesse.

A nós, mulheres, foi-nos entregue algo de muito subtil, muito mais frágil, mas sem o qual o conhecimento não faz qualquer sentido: a transformação. Os homens deixavam o solo fértil, nós semeávamos e esse solo transformava-se em árvores e plantas. O solo precisa da semente e a semente precisa do solo. Um só tem o sentido do outro.

O mesmo se passa com os Seres Humanos. Quando o conhecimento masculino se une com a transformação feminina, está criada a grande união mássica que se chama sabedoria.”

In Brida, Paulo Coelho

julho 17, 2005

100 vOcÊ...

Avião sem asa
Fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola
Piu-piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Porque que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço
Namoro sem amasso
Sou eu assim sem você

Tô louca pra te ver chegar
Tô louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Porque que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Ficando assim sem você, Adriana Calcanhoto

julho 09, 2005

o OuTrO


“Um sujeito encontra um velho amigo seu, o qual vive constantemente a tentar acertar na vida – sem resultado. «Vou ter que lhe dar alguma dinheiro», pensa. Acontece que, naquela noite, descobre que o seu velho amigo está iço e veio pagar todas as dívidas que tinha contraído no decorrer dos anos.
Vão até um bar que costumavam frequentar juntos, e ele paga a bebida a todos. Quando lhe indagam a razão de tanto êxito, responde que até há dias atrás, estava a viver o Outro.
- O que é o outro? – perguntam todos.
- O outro é aquele que me ensinaram a ser, mas que não sou eu. O Outro acredita que a obrigação do Homem é a passar a vida inteira a pensar como juntar dinheiro para não morrer de fome quando ficar velho. Tanto pensa, e tanto faz planos, que só descobre que está vivo quando os seus dias na Terra estão quase a acabar. Mas aí é tarde demais.
- E você quem é?
- Eu sou o que qualquer um de nós é, se ouvir o seu coração. Uma pessoa que se deslumbra diante do mistério da vida, que está aberta para os milagres, que sente com alegria e entusiasmo aquilo que faz. Só que o Outro, com medo de se decepcionar, não o deixava agir.
- Mas existe sofrimento – dizem as pessoas no bar.
- Existem derrotas. Mas ninguém escapa delas. Por isso, é melhor perder alguns combates na luta pelos seus sonhos, que se derrotado sem sequer saber por que está lutando.
- Só isso? – perguntam as pessoas no bar
- Sim. Quando descobri isto, acordei decidido a ser o que realmente desejei. O Outro ficou ali, no meu quarto, a olhar para mim, mas não o deixei mais entrar – embora tenha procurado assustar-me algumas vezes, alertando-me para os riscos de não pensar o futuro.”

Paulo Coelho, Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei


Imagem: Escher

julho 06, 2005

MomEnTo EnCaNTadO


Um êxtase invade a noite, como se fosse a última vez
que a escuridão contagiasse a cidade, imergida num silêncio constrangedor,
criando uma atmosfera onde a natureza retoma as suas leis extraordinárias.

A Lua cheia sorri, superior pela sua inconfundível beleza,
envaidecida pela mágica contemplação
das suas companheiras de longa data,
que a fazem feliz e conservam intacta a sua perfeição.
A noite mergulha numa chuva divina, que compõe na escala musical
uma melodia encantada, despertando os astros para uma dança sobrenatural.

Um clarão de fogo surge inesperadamente no ar
iluminando, de forma única, este cenário celestial
e proporcionando um momento eternamente lembrado :
a fusão do lume com o mar infinito vislumbrado;
como se se tratasse da união de dois seres opostos
que se complementam e se amam na sua plenitude.

A coreografia acompanhada por um celestino imaginário,
prolongou-se até uma estrela cadente rasgar o firmamento
com um rasto de chamas que a sucedeu,
deslumbrando os olhos atentos do poeta,
que, após suspirar arrebatado, adormeceu.
Ali mesmo, num quadro angelical, onde a quimera se tornou real.

Na aurora matinal, depois de tentar espreitar por uma ou outra nuvem,
O Sol nasceu enfim… segredando-lhe os sentimentos perdidos,
Que juntamente com a luz, o despertaram de volta para o caos.

julho 04, 2005

TraDiçÃo

Chegou ao fim a Feira de S. João, o acontecimento cíclico mais importante de Évora. Porque a tradição é importante, vaguemos pelo passado. Esta feira faz parte da vida da cidade há cerca de 5 séculos e significa uma ruptura com o quotidiano eborense, pois enche-o de movimento, alegria e animação que contrasta com a quietude e a serenidade desta pequena grande cidade perdida no nosso Alentejo.

“A feira abriu com grande excitação. Todo o Rossio se iluminou de festa com fieiras de barracas, carrocéis, circos, stands de carros e máquinas agrícolas, tendas de doçaria, de fotocómico, tômbolas, jogos de argolinha, aparelhos de buena-dicha com variantes de passarinhos que tiram o papel de forças, solitárias vendedoras de água com uma bilha e um copo ao lado, vendedores de mantas, de escadas, de cestos – sob um céu duro de altifalantes e poeira e vibrações luminosas. Noite de S. João, noite cálida de bruxas e de sonhos.” (Aparição)

Hoje o cenário está diferente, com as devidas adaptações à actualidade, mas o que importa é a continuação desta tradição, que atravessou épocas bastante diversas e muitas e muitas gerações, por isso faz parte da história de todos os eborenses. E com certeza não foi fácil torná-la imune à passagem do tempo. Esperemos que o futuro proporcione as mudanças de que a feira precisa para se tornar um verdadeiro ponto de encontro e divertimento para todas as gerações, possibilitando a passagem do testemunho. Até pró ano!

julho 03, 2005

CaMinHanDo aTÉ ti...


Tudo está mergulhado num silêncio profundo e o tempo parece ter parado. Apenas o meu espectro teima em vaguear pelas ruas desertas, impelido por uma qualquer força interior. Continuo a caminhar, horas a fio, sem destino traçado e o aglomerado de casas começa a ser um cenário longínquo, até ao momento em que olho para trás e me apercebo que já tinha sido arrancado do meu horizonte. Contudo, isso não perece importar-me, contínuo a minha caminhada, sempre com os olhos postos na estrada, sem prestar atenção ao que me rodeia. Paro apenas o tempo suficiente para descansar, trincar qualquer coisa e recuperar forças para continuar. Nem eu próprio sei até onde irei ou até onde quero ir…sei apenas que vou!

Caminhando...
Passo por inúmeras cidades, todas diferentes, mas todas iguais. Todas elas tinham algo em comum: a indiferença com que os seus habitantes conseguiam viver, ou, sobreviver! O movimento e o barulho constante dos carros com os seus motoristas impacientes, a correria das pessoas de um lado para outro, sem sequer virarem os olhos por instantes, para perceber o que se passa mesmo à sua volta. Parecem alheadas da realidade e apáticas perante qualquer acção que não se encaixe na sua rotina diária, como se tivessem adormecidas e fossem máquinas programadas com uma ordem fixa de movimentos. Quero afastar-me desta realidade, ela não me pertence…
Caminhando…
Vislumbro uma cadeia de montanhas a sul e fico impressionado com a sua grandiosidade. Vou subindo, andando por terrenos cada vez mais inclinados, começo a cansar-me rapidamente, mas ainda que pare para recuperar energia, não posso desistir. O vento sopra cada vez com mais força, começo a ficar gelado e apercebo-me que vou em direcção a uma tempestade. Os relâmpagos são a luz e os trovões a banda sonora da minha caminhada, as pingas começam a cair e fico completamente molhado. Mas nem mesmo assim desisto...Depois de muito caminhar, a tempestade parece acalmar e começam a rasgar os primeiros raios de Sol que passado pouco tempo já me encadeam.
Caminhando…
Avisto o deserto, um horizonte plano, um gigantesco espaço vazio, o vento calmo, e nada, absolutamente nada à minha volta. Como se o mundo tivesse escolhido aquele lugar para mostrar a sua imensidão e simplicidade. Olhei para o céu azul e deixei-me inundar por aquela luz, por aquela sensação de que estava em lugar nenhum e em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo. Mas esta agradável sensação durou breves minutos, porque logo o calor começou a apertar, não havia água para beber e à minha volta apenas o nada que era tudo. Mas era preciso continuar. Para onde? Não fazia a menor ideia, mas também não estava preocupado com isso. Nem as tempestades de areia me fizeram parar, nada, absolutamente nada.
Caminhando…
Começo a ficar rodeado de verde, um lugar cheio de vida, um hino à Natureza, onde plantas, árvores, flores e animais convivem pacificamente, dando uma lição de vida a quem quiser aprende-la. A magia deste lugar contagia-me, vivo momentos únicos: brinco e corro com os animais, falo com as flores, danço com as borboletas, canto com os passarinhos e alimento-me com os frutos que as árvores gentilmente me oferecem…mas em breve percebo que este também não é o meu lugar, que sou um intruso apesar de bem-vindo. E por isso despeço-me com um enorme abraço de saudade a este lugar encantado e continuo a minha peregrinação pelos trilhos da minha vida…
Caminhando…
Avisto algo que me intriga, apesar de ver dunas de areia que se assemelham ao deserto, vejo que estão cercadas por uma imensidão infinita de azul, que se confunde com o céu. Assim que os meus pés sentem o calor dos grãos de areia, deixo-me cair e fico ali deitado, deslumbrado, a contemplar o céu feito de água que vai e vem até mim. Mas o cansaço é muito, foram muitos e muitos anos a caminhar e por isso acaba por adormecer, ali mesmo às portas do sonho… Despertei com os primeiros raios solares do dia, ergui-me e continuei a caminhar em direcção ao mar, flutuando por cima da água até chegar à ilha em que esperavas por mim, desde o primeiro momento das nossas vidas.
Imagem de: Yann Arthus-Bertrand, Nigéria

julho 01, 2005

Do oUtRo LaDo dO EsPeLHo...


O Espelho mostra apenas o reflexo dos que ousam olhá-lo de frente, não busca pormenores, sentidos, significados; contenta-se com a imagem momentânea que lhe surge. Mas a vida não se resume ao que é visível, é preciso ir mais além, buscar o outro lado, o lado que fica por detrás da imagem que o espelho nos mostra. Tal como Platão descreveu na Alegoria da Carverna, a realidade não são as sombras que os escravos viam projectadas por tochas nas paredes da caverna. Segundo ele, o papel da filosofia seria o de ajudar os escravos a libertar-se da sua condição, avançando progressivamente em direcção ao Sol, à verdadeira realidade. Neste caso, a filosofia trata-se de uma atitude, de um modo de estar na vida: questionar a aparência, o que é visível, o que o espelho nos mostra…e tentar encontrar o que está DO OUTRO LADO DO ESPELHO!
É isso que pretendo fazer neste blog…tentar encontrar e mostrar o outro lado do espelho de cada pensamento, de cada imagem, de cada sentimento, de tudo o que faz parte de mim e do que me rodeia.
Imagem de: Yann Arthus-Bertrand, EUA